domingo, 18 de setembro de 2011

TÍPICO DE DOMINGO


Domingo. Sempre achei domingo um dia dual. Começa gostoso, levinho. Mas as horas vão passando e uma estranha melancolia vai tomando conta do corpo. Parece que estou me despedindo de alguma coisa, algo está sendo arrancado brutalmente de mim: o meu precioso e aguardado sossego do final de semana.

Claro que existem vários momentos bons em um dia de domingo: você pode encontrar sua família, amigos, assistir a um bom filme, ler, ouvir música, ir ao cinema ou qualquer outra coisa. Mas as atividades básicas de um fatídico domingo são quatro, que brigam entre si pelo teor do balanço de sentimentos ao repousar de cabeça:

1) Dormir: Domingo pede sono e a gente aceita. Acordar bem tarde, devorada por uma preguiça voraz e desejando dormir ainda mais faz parte do cronograma. Apesar de revigorada, percebo que essa atividade consome um quinhão representativo das 24 horas a serem desfrutadas antes que chegue a famigerada segunda-feira.

2) Comer: É um desespero gastronômico. Comer porque estou feliz, comer porque dietas só começam nas segundas-feiras, comer porque domingo é dia de coisa gostosa, comer por ansiedade, prevendo que a semana será uma agonia sem fim. Quanto mais como, mais fome aparece: o estômago parece insaciável.

3)  Lamentar por amanhã ser segunda-feira: A sensação está presente desde a hora em que os olhos titubeiam em abrir e a viagem onírica cessa abruptamente, mas se intensifica a cada porção do dia que deixa de ser futuro e se torna passado. Começar tudo de novo: a rotina, as situações embaraçosas, as explosões coléricas, o infortúnio do desânimo. Despedir-me dos dois dias serenos e promissores e preparar-me para a violência moderna com a qual vou me deparar: sonhos interrompidos, retorno às coisas vis e medíocres.

4) Lamentar por ter lamentado: Percebo o pessimismo me seduzindo e resolvo partir para um viés antagônico e mais positivo. Fui presenteada com uma pausa daquelas batidas frenéticas e pude rir entre os meus daquelas situações que, de segunda à sexta, me pareceram “insolucionáveis.” Agora, mais uma batalha se trava, e é minha responsabilidade resistir à euforia e flacidez da normalidade. Que venha um novo começo.  


por Bárbara Caldeira

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Ps: eu exclui o comentário pra corrigir erros de português, mas esqueci que o Blogger me deda. Que feio! Segue o comentário:

    Muito digno e verídico! Principalmente no que diz respeito à comilança e ao sono_ por que eu não sou de lamúrias, embora reconheça que o domingo suscita reclamações. Pior de tudo é que eu gosto do domingo e ando travando longos duelos pra evitar que ele termine.

    Sempre perco a batalha. Acabo invadindo a segunda feira e o sono_ que já estava todo bagunçado depois do descontrole dominical_ duplica. Mas fazer o quê? Também gosto das segundas. Elas trazem a promessa de um prêmio no final: outro domingo.

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